segunda-feira, 29 de junho de 2009

cristo e os conselhos


Os conselhos evangélicos têm sua origem divina, mais exatamente, cristológica, pois estão fundamentados nas palavras e exemplos do Senhor.

Tem sua origem divina na doutrina e nos exemplos de Jesus, isto quer dizer, que se fundam em sua vida, em toda sua vida. A vida e a doutrina de Jesus estão na base de toda forma de vida cristã, e de maneira especial, na base da vida consagrada.

Quando se fala na vida de Jesus, não se refere aos seus aspectos, mas às suas dimensões.

Como foi a vida de Jesus?

Jesus é o Homem inteiramente livre e inteiramente para os outros. Ele viveu inteiramente para o Pai e para os irmãos. Sua vida consiste em desviver-se. Não se pertence a si mesmo. É, existe e vive para Deus e para os homens. E a virgindade- pobreza-obediência, foram a expressão objetiva desta plena e definitiva autodoação. Por isso a vida de Jesus não foi simples existência, mas uma proexistência. Seu existir foi proexistir, existir em favor dos outros, dando tudo e a si mesmo. Então os conselhos evangélicos não podem ser entendidos como aspectos, mas como dimensões constitutivas da vida de Jesus.

Para nós, também os conselhos evangélicos não são aspectos, mas dimensões constitutivas de nossa vida. Porque o consagrado " imita mais estreitamente e re-apresenta perenemente na igreja o gênero de vida que o Filho de Deus assumiu quando veio a este mundo para cumprir a vontade do Pai, e que propôs aos discípulos que o seguiam".(Concílio)

Afirmar a origem divina-cristológica dos conselhos evangélicos é afirmar a sua existência, mas também sua inviólavel perdurabilidade na igreja, já que se trata de "bem irrenunciável, sobre o qual a igreja não tem poder de vida ou morte. A Igreja o recebe como se recebe um dom, e o guarda com fidelidade, porque eles não são de origem eclesiástica, mas cristológica. Os conselhos evangélicos expressam, a doação total e irrevogável de Cristo à Igreja, e a doação total da igreja a Cristo.(nós não podemos extinguir os mesmos).

A hierarquia da igreja tem a missão de interpretá-las, regular sua prática e também de organizar formas estáveis de vivê-los.

Por causa da origem cristológica, o consagrado vive não simplesmente a castidade, mas a castidade de Cristo; não é a pobreza, mas a pobreza de Cristo, tampouco é a obediência, mas a obediência de Cristo. Existem outras formas de pobreza, castidade e obediência, mas nenhuma delas nos interessa, somente a que Cristo viveu. (não é aos nossos moldes).

Se nós nos desviarmos, ou nos descuidarmos da origem e dimensão cristológicas dos conselhos evangélicos, nós os tornaremos ininteligíveis, esvaziados de sentido, perdendo sua maior riqueza teológica. Nós não podemos desvinculá-los da pessoa de Cristo, de sua vida e doutrina. Deste modo e por essa razão, os conselhos evangélicos se converteram em simples meios ascéticos, em vez de ser atitudes e dimensões essencialmente evangélicas e cristológicas.

Portanto, para compreendermos verdadeiramente os conselhos evangélicos é necessário voltar decididamente à pessoa de Jesus virgem-pobre-obediente com sua vida e sua doutrina, com o chamado ao seu seguimento e com seu mistério de Kénosis; em relação com a Igreja, com sua vida, com sua santidade, com sua dimensão carismática e escatológica e com sua missão evangelizadora; em relação com o Reino de Deus, com sua valiosidade absoluta, com suas exigências supremas e com seu estabelecimento neste mundo, como inauguração da vida celeste ( Jesus foi casto-obediente e pobre para isto).

Sentido em Jesus Cristo

A virgindade, a pobreza e obediência, constituem as três dimensões mais profundas do viver humano de Cristo. Não foram alguma coisa de secundário ou marginal em sua existência, mas algo constitutivo de seu modo histórico de ser e de viver para os outros.

O que significaram na vida-missão de Jesus esses três conselhos evangélicos?

Amor total demonstrado - isso significa que os conselhos eram para Jesus um meio, uma forma dele demonstrar o seu amor, provar o seu amor total a Deus e aos homens. Uma prova autêntica profunda de amor. Como provar o meu amor a ti, como tu irás reconhecer que o meu amor é sincero e é tão sincero que vou ser pobre-obediente-casto. E não como meios para conseguir o amor perfeito, mas como expressão desse amor perfeito. Não para tornar possível o amor, mais para tornar visível o amor. Para demonstrar o máximo amor ao Pai e aos irmãos.

Cristo teria amado com o mesmo amor total ao Pai e aos homens, se tivesse vivido de outra maneira, sem o mínimo perigo para sua liberdade ou para deixar-se levar para o egoísmo. Porém não nos teria feito ver com a mesma claridade e evidência esse amor e essa liberdade. Fazer ver com argumentos, dar provas convincentes. A virgindade-pobreza-obediência de Jesus foram grito essencial de amor e testemunho irrefutável de liberdade.

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